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A ciranda da nossa infância

Era um tempo assim: colorido, infinito e pleno de sorrisos. Não contávamos as horas, o compromisso era com a felicidade de viver.  A meninice não vive de prazos. Era o tempo da pureza e das construções de amizade. Laços forte costurados com o coração. A vida era um caderno de 100 folhas. Cem era um número infinito para todos nós. Era um tempo de simplicidade. Os conflitos? Eles eram resolvidos com o ficar de mal e ficar de bem de novo. Era o início das raízes. Os centavos eram dinheiro bastante porque as balas e os doces tinham um valor possível e o nosso universo era de açúcar. Era um tempo regido pela palavra recreio e pela nossa corrida, após o sinal soar, para pegar a  única mesa de ping pong da escola e jogar até o final do intervalo. Não tínhamos nem a rede na mesa de ping pong. Um tronco de madeira fazia o seu papel de dividir o campo. E fazia isso muito bem porque o problema não era não ter certas coisas. O problema? Talvez a gente nem soubesse ao certo o que era essa palavra. Os nossos talentos já despontavam. Uns gostavam de ensinar, outros de escrever, outros de desenhar, outros de organizar... A distração não era um acaso, era um talento que pedia espaço. A gente não tinha certeza nenhuma porque o nosso futuro era a preocupação dos nossos pais.

O tempo foi escrevendo as nossas vidas. Em alguns momentos a gente era o autor, em outros éramos os personagens. A vida foi puxando a gente para outras cores, a palavra recreio virou final de semana com uma lista de coisas para fazer, o ping pong foi colocado de lado, embora nunca tenha sido esquecido totalmente. Entre um sorriso e outro aprendemos o significado da palavra tempo e algumas situação se transformaram em lágrimas. Era o tempo das primeiras perdas. Perder é difícil até hoje.


Nada foi em vão porque ao nos encontrarmos de novo a gente percebeu que tudo ainda está lá. A eternidade do sentimento resiste e  o hiato chamado tempo não cancelou a costura do coração. Amizade é um fio de ouro, resistente e bonito. A agulha e a estofa se valorizam pela presença desse fio. Os que já se foram deixaram marcas em nós, nesse tecido da nossa linda arte de viver.  Vamos ficar de bem para sempre agora porque a gente descobriu o valor da nossa existência.


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