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Mostrando postagens de 2014

Não faça filas faça conexões

Já estou ensaiando a minha busca de momentos vitalizantes no cotidiano. Um treino para um dos itens da lista de 2015. Hoje a experiência positiva do dia ocorreu onde eu jamais pensei que fosse possível: num supermercado da Região dos Lagos. Ainda pela manhã foi comprar coisas para a casa. Estamos juntos, meus irmãos, amigos e mamãe, nessas festas de final de ano. Fui ao supermercado e logo senti que comprar coisas nesse período do ano é um desafio. Primeiro tive que desbravar a massa humana para chegar até às prateleiras para buscar os produtos da minha lista. Em seguida me dirigi ao caixa destinado aos clientes com pouco volumes. Esse gesto corriqueiro teria passado no anonimato se não fosse o encontro vitalizante com a Sra. Osmar e Rosana. A primeira está há três anos na região e esta última mora em Brasília. A longa espera fez com que o nosso diálogo abordasse vários temas ligados à felicidade. Certamente ninguém é feliz esperando numa fila  andar mas a descoberta de pessoas que se

COISAS DE COPA - Férias ou cortinas

- O quê? Você vai gastar o dinheiro das férias com cortinas?! - Olha só como está essa cortina, Francisca? Francisca e Irani são amigas há muitos anos. As duas trabalham como empregadas de família em Copacabana. Francisca trabalha na casa de uma atriz famosa, na Avenida Atlântica, que viaja muito e não tem filhos. Irani trabalha na casa de uma empresária no Bairro Peixoto. Hoje é dia de folga e Francisca foi visitar Irani que saiu mais cedo do trabalho porque a patroa está em casa e quando isso ocorre ela sai mais cedo. O marido de Irani é porteiro e mora no prédio com ela e as duas filhas, duas lindas meninas que estão de férias e foram à praia com os filhos da patroa. O marido de Irani, Paulo, está de serviço. - Mas tá maluca!? Férias são prá gente viajar! Tu vai ficar olhando as cortinhas por vinte dias e colocando foto no Facebook? Eu e minha cortina aberta. Eu e minha cortina fechada. Eu enrolada na cortina... Vai acordar de manhã e tomar café olhando prás cortinas.

Coisas de Copa - Haroldo

“Tanto tiempo disfrutamos de este amor Nuestras almas se acercaron tanto así Que yo guardo tu sabor Pero tú llevas también Sabor a mí” Haroldo sai do banheiro cantando junto aos Los Panchos a linda música de Luis Miguel. Hoje o dia está quente e é dia de faxina. Ele vai aproveitar para fazer umas comprinhas e caminhar na areia da praia de Copacabana enquanto a faxineira faz o trabalho dela. Viúvo há quase dois anos, Haroldo aprende a cada dia  a distrair a solidão. Não é fácil. A solidão se esconde nos dias, nas horas e nos momentos. A viuvez é um aprendizado difícil porque na idade dele a gente quer sossego. Enquanto ele enxuga os cabelos grisalhos olha para a foto que está sob a cômoda e aproveita para secar os ouvidos. A moldura bonita mostra o homem que sorri ao lado de Pilar. Aquele foi o Haroldo do passado. O Haroldo executivo que comandou uma empresa de móveis para escolas e universidades por quase trinta anos.  O Haroldo que se apaixonou por uma linda jovem do Instit

Hoje Aurora não desceu

Aurora era uma vizinha simpática que frequentava a mesma academia que eu, em Copacabana. Não frequentávamos a casa uma da outra mas éramos vizinhas cordiais. Seu olhar inquieto denunciava uma vitalidade alegre de uma jovem senhora que morava sozinha mas não era só. Assim como minha mãe que vive aparentemente uma viuvez quando na realidade está de bem com a vida. Conheci pessoas solitárias que estão casadas e o diálogo não destrava porque cada um está olhando para si mesmo. A solidão não é somente uma condição do morar só. A solidão é uma vivência possível mesmo que o indivíduo esteja numa partida de futebol. Todas as vezes que nos encontrávamos, Aurora e eu, eu costumava cantarolar uma velha marchinha de carnaval para ela: “Se você fosse sincera, ô, ô, ô, Aurora.” Ela sorria e engatávamos a conversa do dia que passava pelo trivial até argumentos mais sérios como a política e a economia. Aurora era sincera mas a marchinha dava um toque especial aos nossos encontros. Eu a encontra

Coisas de Copa - A solidão dos idosos

A face branca e com sinais do tempo estava voltada para a decoração de natal. Ela estava sentada  num dos bancos do espaço ao lado da recepção. Dezembro consegue mudar tudo: as cores dos enfeites, a dança das luzes, a cordialidade no ar. No passado ela gostava dessa época. Agora não mais. Mora sozinha, no segundo andar. Não tem mais o companheiro e a filha vive do outro lado do oceano. Sim, já esteve lá. Mas não entendia a língua dos outros e a solidão ficara maior. Aguardava pacientemente para usar o elevador. Chegaram dois turistas conversando em alemão. Com eles não é possível estabelecer contato. Chegou a moça que anda de bicicleta todos os dias no mesmo horário. Se não fosse pelo fone no ouvido ela teria ido. Olha de novo em volta. A luz pisca. A cor decora. Ela já sabe tudo de cor. Uma criança chega correndo. Os pais chegam em seguida mas estavam brigando. Briga com solidão não é um bom prato. Finalmente acabei de falar com o porteiro e me dirigi ao elevador. Ela veio ao meu enc

Duas amigas e um desencontro

Eliana encontrou Estelsa na Avenida Rio Branco num dia de calor insuportável. Eram quase três horas da tarde e podia-se fritar um ovo no asfalto. Foi um encontro alegre. As duas estavam tentando atravessar a avenida juntamente com a massa humana que as circundavam. Eliana carregava o material do curso preparatório para concursos. O suor escorria pelo braço e as mãos colavam no plástico da pasta que postava com as apostilas. Na outra bolsa ela tinha canetas, lápis, borracha e aqueles doces que se compram nas bancas do Rio de Janeiro. Estelsa carregava um monte de sacolas de plástico. Ela vinha do Sahara e estava buscando um local para tomar algo fresco antes de se aventurar no metrô com destino à Baixada. O cabelo vermelho e um pouquinho ressecado lhe conferia um ar desleixado. As duas se olharam num primeiro momento sem se reconhecer. Logo em seguida, as mentes das duas identificaram-se mutuamente. Foi uma confusão. Elas queriam se abraçar mas o sinal abril e os transeuntes arr

O outro

A grama do vizinho É sempre mais verde.  A cor e forma são impecáveis deixando V. com um misto de raiva e inveja. -“Mas como ela consegue?” Assim dizia V. ao marido todas as vezes em que a vizinha ao lado saía para ir nadar. V. não tem filhos e vive com o marido S., que é aposentado. A vizinha era viúva e tinha dois filhos adolescentes. A natação foi a maneira que ela encontrou para ficar consigo mesma depois de passar um dia entre a cozinha, ferro de passar e máquina de lavar. Depois dos trabalhos de casa tinha o mercado, os pagamentos no banco, as reuniões na escola, a vida seguindo em frente enquanto ela mastigava um pedaço de pão francês e engolia o café açucarado. Os filhos pediam atenção constante e a saudade do marido ia se diluindo no meio de tantos apelos. A piscina era a salvação. Debaixo d’água o cérebro fazia conexões, buscava soluções, recordava. A sua grama vingou. Na casa de V. a solidão era entrecortada pelos rumores que chegavam diariamente da cozinha. A sa

Aviso aos navegantes - Nós podemos voar!

De repente aquele copo bonito se quebra, aquele sofá caro se mancha, a unha bem feita fica faltando um pedaço. Assim é a roda da vida que vai oscilando entre o bom e o imprevisto deixando –nos a olhar a agenda com tristeza: os objetivos foram riscados pela sorte. O destino chega e nos diz : “agora é comigo”. Será que estamos prontos para esse tipo de dança? Será que deixar o sofá quentinho, cujo assento já tem a forma do nosso corpo e ir à luta é algo fácil? Nem sempre. Porém, a crise é a oportunidade de nos levantarmos do sofá, mexer o esqueleto e comprar um sofá novo, um divã, uma poltrona ou ainda decidir que é hora de ficar um pouco em pé. Toda mudança é uma oportunidade de se conhecer melhor e aprendermos algo novo. Vamos levantar a poeira e escolher novas cores, novos discursos, vamos descobrir a infinidade das possibilidades. A roupa de vítima deve ser jogada para o lado. A renovação é a arte de sair das amarras das circunstâncias e buscar novos abrigos. A vida não faz nada

Sobre a criação

A criação literária é sempre um processo que envolve vários aspectos. O escritor se deleita com as combinações das palavras e mergulha na realidade para se inundar de experiências que chamamos de verdadeiras e que irão contribuir para o texto. Em seguida,  intercala ficção e vida real. Mas, se é ficção por que nos emocionamos? 

Van Zona Sul - a experiência de afeto e solução de um grupo de amigos

(Foto de Luiz da Costa Gonçalves Junior) Nas grandes cidades do Brasil, infelizmente, o deslocamento das pessoas constitui um problema. Os engarrafamentos são constantes afetando a qualidade de vida. Quem usa os meios públicos enfrenta a carência de um sistema que não consegue ser eficaz nem eficiente. O número de carros aumenta e as estradas não crescem na mesma velocidade dos carros. Para enfrentar essa questão alguns colegas de trabalho resolveram dar uma solução que consegue melhorar a qualidade de vida e contribui para diminuir a emissão de gases poluentes. Assim é a famosa “ van zona s ul”, como é chamada por eles. Esses amigos alugam uma van com motorista para fazer o transporte diário de ida e volta do trabalho. Esses heróis conseguem desafiar o trajeto zona sul do Rio de Janeiro até a Barra da Tijuca. A organização é primordial. O grupo é dividido entre fixos e avulsos. O pagamento é feito mensalmente e uma planilha é enviada para todos os membros com o comprova

Viva a cultura! Sesi Cultural e Grand Cine Bardot - um exercício da felicidade

Caros leitores, eu tenho uma proposta a fazer: vamos aumentar o ibope da cultura, das manifestações sociais voltadas para o bem? Vamos usar a nossa inteligência para sabotar algumas armadilhas que nos levam para o caminho do medo e do desespero? Peço desculpas aos colegas jornalistas que escrevem sobre as chagas de uma sociedade que não consegue dar uma resposta eficaz à violência. Até porque o tema envolve muitos aspectos e o que vemos é o produto final do ciclo. Frequentemente ouço o relato de assaltos, crimes e coisas do gênero como se fossem os acontecimentos principais da sociedade brasileira. Esses fatos são tristes, deploráveis mas não são os únicos. Quem sabe se tivéssemos mais propostas de atividades esportivas, tais como as de corrida que habitualmente participo, e de outras ofertas na área cultural algumas pessoas se “converteriam” para o BEM. Essa semana a nossa querida cidade de Búzios está em festa graças ao Búzios Cine Festival. O Grand Cine Bardot e Sesi estão

Vamos cuidar da gente! !

Prioridade: a nossa sanidade mental. Diga não àqueles que vivem tentando sabotar a sua felicidade seja ele o Governo, amigo ou parente. Feliz dia!!

Nós tínhamos um encontro marcado

Caro leitor, hoje apresentarei a voces o mentor da  minha paixão de escrever: o meu pai. O meu livro mais recente é dedicado a ele. Aqui na foto, ele está ao lado de uma senhorita que sonhava muito e o seguia pela casa incessantemente: eu. Também protagonizam a foto a linda Belinha, minha boneca favorita e meu urso que já era a representação da minha paixão pelos animais. O tempo passa e para quem nasceu numa época na qual a foto marcava os momentos fica difícil para mim relatar esses momentos com imagens. As palavras, por sua vez, me ajudam. Elas conseguem resgatar os momentos que hoje os celulares fazem com perfeição, só que com as palavras. São poucas fotos impressas sobre a minha infância. O coração, ao contrário, está repleto de carinho e alegria. "Algum tempo depois a doença levou o papai para o Hospital da Lagoa. Esse nome evocava em minha mente uma imagem belíssima. Quem sabe se não tinha uma ponte sob essa lagoa? A ponte! Papai deveria voltar logo, tínhamos um encont

Voltando no tempo

Minha vida italiana foi muito bonita e feliz. Quando eu voltava para a casa gostava de rever meus amigos e atualizá-los sobre a novidades na África. Morei em Torino  (Turim) por muitos anos e até hoje mantenho as amizades que fiz graças à tecnologia. Aqui estou num trem, de Torino para Mondovì .
“Il deserto è belo, disse il Piccolo Principe. Non si vedi nulla. Non si senti nulla. E tuttavia qualche cosa risplende nel silenzio Il Piccolo Principe A. de Saint -Exupéry Ainda sobre o tema da nossa relação com os cães, hoje falarei sobre Échu (leia-se éxu). Ele era o cãozinho da casa de Bujumbura e conseguiu me proporcionar bons momentos. Como cooperante internacional eu não tinha condições de ter um cachorro devido às constantes viagens de trabalho e mudança de país. Aqui estou eu antes de uma das tantas partidas na Itália. A cada partida se levava menos coisas materiais e ia-se em busca de algo maior. A foto da girafa era de um quadro improvisado com um tecido. A criatividade é a grande aliada nos momentos de dificuldades.

Os animais

Sabemos amar como os animais? O sentimento que nos une aos animais são como joias raras que devemos conservar. Minha paixão pelos cães sempre foi uma constante. O amor incondicional vivido pelos cachorros é algo extraordinário. Temos muito o que aprender com eles. Tive poucos cães, no total quatro. A minha vida era sempre pontuada por constantes mudanças. Alguns cães marcaram a minha vida durante o convívio que tivemos.As despedidas são sempre difíceis e ao deixar minha família da Escócia eu fiquei com o coração partido. Helen, Alistair, Fiona, Tara e Molly vivem em meu coração. Megan, o labrador da casa dormia em frente ao meu quarto. Abaixo um trecho do livro onde falo sobre ela: "No dia que fui embora Helen me levou à praça principal onde eu tomaria o ônibus que me conduziria para Glasgow. Megan me olhava pelo vidro. Chamei-a com alegria. Mas Megan não desceu do carro, contrariamente das outras vezes em que ela descia velozmente ao ouvir o meu chamado. Me

Marcos Caruso e Nivea Oliveira

Hoje a aula foi com ele. Caruso nos falou sobre o respeito que devemos ter enquanto profissionais. A arte exige de nós uma disciplina e constância. Uma ponte para a arte, para o ofício de criação.  Bom final de semana leitor!

O prefácio de Wania Marques

Wania Marques me conhece desde os cinco anos de idade. Ela escreveu o  prefácio do meu livro. Compartilho com voces essa publicação convidando você a refletir sobre as passagens em nossas vidas. P refácio Pontes são construções que unem pontos não acessíveis separados por obstáculos.  A construção e travessia de pontes é um fator tão comum na vida de todos, que na maioria das vezes perde o sentido ao passar despercebido, não sendo dado o real valor aos acontecimentos. Este livro convida ao leitor a reflexão sobre as uniões possíveis de serem feitas, mesmo quando todos os obstáculos inimagináveis insistem em derrubar as aspirações, os ideais, comprovando a capacidade que o ser humano tem de se ajustar, se reinventando mesmo em cenários desfavoráveis e tortuosos; sobre os elos que se entrelaçam pela força do destino, seja no gozo do amor familiar, ou na amizade profunda, ou no auxilio e consolo daqueles que, em condições adversas, tiveram seus sonhos esmagados, perdendo a