A face branca e com sinais do tempo estava
voltada para a decoração de natal. Ela estava sentada num dos bancos do espaço ao lado da recepção.
Dezembro consegue mudar tudo: as cores dos enfeites, a dança das luzes, a cordialidade
no ar. No passado ela gostava dessa época. Agora não mais. Mora sozinha, no
segundo andar. Não tem mais o companheiro e a filha vive do outro lado do
oceano. Sim, já esteve lá. Mas não entendia a língua dos outros e a solidão
ficara maior. Aguardava pacientemente para usar o elevador. Chegaram dois
turistas conversando em alemão. Com eles não é possível estabelecer contato.
Chegou a moça que anda de bicicleta todos os dias no mesmo horário. Se não
fosse pelo fone no ouvido ela teria ido. Olha de novo em volta. A luz pisca. A
cor decora. Ela já sabe tudo de cor. Uma criança chega correndo. Os pais chegam
em seguida mas estavam brigando. Briga com solidão não é um bom prato.
Finalmente acabei de falar com o porteiro e me dirigi ao elevador. Ela veio ao
meu encontro.
- Você vai subir?
- Sim.
_ Vou aproveitar e ir com você. Você é
escritora, não é?
- Sim. Como a senhora sabe?
- O síndico me disse. Ele te elogiou muito.
Disse que você cumprimenta todo mundo.
- É o nosso dever. Olha aí. Chegou. Pode
entrar.
- Obrigada.
- Qual o seu andar?
- Segundo.
- Olha só, já chegamos. Boa noite! Quer que
eu a acompanhe até a porta.
- Não precisa. Obrigada. Vou aguardar
a lguém para descer. Assim converso um pouquinho.
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