Hoje o diálogo flui mais ou menos assim: eu não converso com os meus pais, mas falo com os trezentos amigos que tenho nas redes sociais. Saímos para um jantar romântico respondendo ligações de trabalho... triste
Se percebemos a
autoajuda como um gesto de amor a nós mesmos não precisamos de alguém nos orientando. Porque se eu me amo eu posso me cuidar fazendo escolhas que me ajudem
a ir adiante. Mas, quantas pessoas conseguem ser firmes nas próprias escolhas
sem uma orientação? Quantas vezes aquele amigo de todas as horas não viu uma saída, uma caminho, que ainda não tínhamos percebido?
As
nossas escolhas individuais de felicidade não estão na pauta do mundo e
precisamos uns dos outros, pelo menos até agora. Uns choram e outros vendem lenços. A mesma situação
sempre comporta olhares diferentes.
As
pessoas estão mais voltadas para elas e, certamente, será cada vez mais assim
mesmo.
Imaginem
se tivéssemos uma guerra e, privados de energia elétrica, água e
alimentos, a gente precisasse da ajuda do outro. Possivelmente iríamos riscar
das nossas prioridades uma infinidade de coisas que hoje são importantes
e iríamos ajudar os demais. Eu acredito que quem se ajuda, de uma forma ou de
outra, ajuda o outro.
Talvez o
nosso estilo de vida hoje esteja mais voltado para isso mesmo. Hoje o diálogo
flui mais ou menos assim: eu não converso com os meus pais, mas falo com os
trezentos amigos que tenho nas redes sociais. Saímos para um jantar romântico
respondendo ligações de trabalho... triste. Não temos tempo para nós e nem para
os outros.
Nós, que
nascemos numa época em que a rede social era presencial ainda temos o hábito de
dialogar por mais de trinta minutos sem olhar a mensagem recebida. Ajudar o
outro pressupõe que outro também deseje isso, da mesma forma que a gente
gostaria de ser ajudado. Mas sabemos que nem sempre é assim.
Precisamos
nos adaptar ao novo ritmo e aprender com ele. Hoje as coisas mudam muito
rapidamente e aquele nosso desejo de estabilidade vai ficar por um bom tempo
somente na memória dos que nasceram antes da virada do século. Podemos ainda
olhar os lírios no campo, parodiando o livro de Érico Veríssimo, mas, lembrando
outro autor, Zygmunt Bauman,"estamos
vivendo tempos líquidos". O que vale hoje amanhã não vale mais. Isso não é
ser pessimista. Podemos continuar vivendo conforme o passado, mas conscientes
de que a nossa escolha pessoal não é a do mundo onde vivemos.
Até o meu discurso
pode já estar ultrapassado quando você terminar de ler essa postagem.
Nivea Oliveira
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