A festa estava começando. Mara estacionou o carro bem em frente a casa de sua amiga Luana. Ao entrar passou pela varanda onde alguns convidados saboreavam salgadinhos e cerveja. A sequência das frases teriam seguido o curso natural ao rever a abraçar a amiga aniversariante se não fosse pelo contato visual. Sentado a poucos metros das duas estava Carlos, olhando para a ponta dos próprios pés antes de se virar e mergulhar no olhar de Mara. Luana percebendo o ocorrido apresenta Carlos a Mara:
- Ele é casado com a minha prima.
A frase ecoou na mente de Mara e Luana pergunta se eles já se conhecem. Esse fato deixou Luana mais à vontade e logo em seguida foi receber novos convidados. Mara e Carlos ficaram a sós. Carlos levantou-se da poltrona. Os mesmos belos olhos azuis e os cabelos loiros. O tempo não havia cancelado a beleza.
- Você conhece a Luana?!
- Trabalhamos juntas.
- Que doideira. Sou casado com a prima dela.
- Pois é, eu ouvi.
- Você continua muito bonita. Casou?
- Não. Tive uns namorados mais... não me casei.
Silêncio. Os dois viajam na memória do tempo e estão sorrindo na praia de Ipanema. Agora estão no Parque da Catacumba e logo em seguida no por do sol do Arpoador.
Teresa se aproxima e quebra o silêncio.
- Amor, vou ajudar a Luana a servir o risoto.
- Sim amor. Essa é a Mara, amiga da Luana.
- Prazer. Você vem comigo amor?
- Claro. Com licença Mara.
Os olhares se encontram de novo num segundo de paixão. Carlos some no meio dos convidados. Alguém oferece cerveja à Mara mas ela não quer. Muda de ideia mas bebe um refrigerante porque está dirigindo. As festas não foram mais as mesmas depois da Lei Seca.
Carlos serve os pratinhos de risoto com o olhar fixo em Mara. O tempo. Que arteiro!
Mara chega na parte de trás do quintal. As goiabeiras estão cada vez maiores ela pensou. Se recosta perto de um tanque, sentando-se num banquinho de madeira. Carlos pergunta se ela quer risoto. E ela diz que não. Sai lentamente da festa e se dirige ao carro. Uma desculpa poderá dar conta de tudo. O carro já estava quase na esquina. Carlos abaixa a cabeça e pensa em tudo o que poderia ter sido e não foi.
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