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O Rio de Janeiro está se perdendo?






O Rio de Janeiro está se perdendo? Diante dos nossos olhos. De um lado a cidade de beleza exuberante. Do outro um caos misturado às várias tentativas de tudo dar certo.

Estamos nos acostumando a esse vandalismo? Agradecemos ao ladrão por ter levado tudo e ter nos deixado o nosso bem maior, a nossa vida.  Então os que nos deixam vivos podem continuar praticando esse ato?

Estamos assustando os nossos visitantes que voltam para o país de origem sem um membro da família ou com uma cicatriz no corpo e outro na alma. Não podemos mais andar de bicicleta na Lagoa. Em outros bairros as lagoas são poluídas e as pessoas não conseguem andar sequer a pé, há muito tempo. 

Intimidação moral também é violência. Somos violentos quando não damos passagem no trânsito, quando o motorista não respeita a faixa, quando interrompemos uma pessoa que está dando informação a outra “só para fazer uma pergunta”, quando fingimos não ver que alguém precisa do elevador, quando achamos que o problema é somente do outro e não nosso.

Não podemos voltar ao passado? Mas, para onde estamos indo?

Vamos salvar o nosso cartão postal usando a nossa inteligência para vencer o medo. Não é permanecendo trancado em casa que as coisas vão melhorar. Tão pouco ir para as ruas de peito aberto. O Rio é a nossa casa, é a nossa segunda pele, é parte da nossa vida.

O poema de Cecília Meireles cai como luva nesse quadro deprimente no qual estamos inseridos chamado de república do medo.
Vamos com medo mesmo mas não vamos deixar que isso continue. O nosso cartão postal está manchado e perdendo as suas cores.

Nivea Oliveira


Retrato – Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face?



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