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Bosco Brasil: "A pesquisa não deve comandar a imaginação"

















Ontem, sábado sete de novembro, tivemos o encontro com o dramaturgo e escritor Bosco Brasil, no Sesi Cultural do Rio de Janeiro. Foi um bálsamo para a manhã chuvosa e quem não participou realmente perdeu um grande momento de aprendizado. Vale dizer que o Sesi Cultural tem esse diferencial: alimentar os projetos que já foram concluídos com encontros de qualidade. Desse modo garante-se a continuidade. A crítica que faço é que não adianta termos esses momentos se não participarmos. A participação é contribuição efetiva. É um dar e receber contínuo.

Bosco chegou quieto, tranquilo. Subiu ao palco com leveza, cumprimentou o condutor Antenor Neto e nos envolveu com a sua estória e conhecimento, cativando-nos com o seu discurso. Eu teria ficado a tarde toda aprendendo com ele. Ouvir e conversar com pessoas que tem a escrita como ofício é sempre um momento de descoberta. Estamos sempre em construção. Bosco Brasil é um dos grandes autores de teatro e roteiristas de novelas. Escreveu as Pupilas do Senhor Reitor, Essas Mulheres, Torre de Babel, Anjo Mau, Coração de Estudantes, As Filhas da Mãe.... preciso dizer mais?

Percebemos que alguns atributos para escrever estão sempre presentes: disciplina, exercício constante da escrita etc. Porém, uma frase de Bosco me chamou a atenção mais do que as demais: “A pesquisa não dever comandar a imaginação”. Eu que vim de uma família onde a imaginação sempre predominou fui flechada por essa frase. 

Em minha infância um lençol virava cortina, o sofá virava navio e a imaginação reinava nas estórias e peças teatrais que inventávamos. Meus irmãos e eu temos isso em nossa alma, em nosso sangue, como disse uma amiga. Mamãe fez teatro e no próximo ano deverá voltar aos palcos para “não esquecer”. O teatro era o nosso tudo numa fase da nossa vida em que as coisas eram mais difíceis.

A pesquisa tem o seu peso, mas a imaginação é aquela brisa que nos transporta para outras perspectivas. Brincar com isso é um grande jogo. Trazer à tona as ideias que repousam em nosso arcabouço interno é o que diferencia um autor do outro. Superar a gramática, a si mesmo, fruir das cores das palavras e transformá-las em outras nuances... isso é o mote de um grande escritor. Obrigada Bosco!!


Uma mensagem especial: Aproveito para dar os parabéns aos meus novos colegas dramaturgos que estão iniciando a jornada de dramaturgia com entusiasmo e dedicação. Ao vê-los ontem voltei ao passado. Irei segui-los porque o fato deles estarem começando uma estrada nova não significa que a bagagem de cada um esteja vazia.
Voces já possuem um equipamento. O tempo juntamente com o agir de vocês vai se encarregar de lapidá-lo. Para isso é necessário trabalhar!

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