O que
aprendi com os animais
Aqui estou com minha amiga Megan, na Escócia. Durante
o tempo em que lá estive Megan foi uma companheira ímpar. Dormiu em frente ao
meu quarto todos os dias da minha estadia. Quando eu ia correr ela me
acompanhava até determinado ponto e depois me aguardava próxima à estrada, com
um olhar que tentei descrever várias vezes, mas sempre me pareceu difícil pela
complexidade do que eu sentia: era algo como um reconhecimento, agradecimento,
carinho, companheirismo... um olhar que somente os animais possuem.
O escritor escocês Robert Louis Stevenson disse que “o melhor que podemos achar em nossas viagens
é um amigo honesto”. E assim foi também em outros lugares do mundo por onde
passei. Ontem, pela manhã vi um homem em Copacabana empurrando uma cadeira de
rodas com o seu cachorro sentado. Ele tentava desviar de alguns buracos que a
calçada possui e olhava seu animal com ternura. Logo me lembrei de Kyra, minha
linda setter irlandês que se foi há um ano. Meu pensamento voou longe em
seguida, me lembrei de Megan e resolvi homenageá-la. Megan foi mencionada em
meu livro Uma Ponte Para Você. Ela nunca saberá, mas eu sei e vocês também. E
isso é o bastante.
“Minha grande companheira era Megan, a linda
cadelinha
da família Danter. Megan e eu nos demos bem desde o
primeiro encontro. Ela dormia de fronte ao meu quarto.
Uma
decisão dela que interpretei como proteção a mim. Como
sempre amei os cães, fiquei feliz em tê-la por perto.
Durante
todo o período escocês ela foi a minha doce sombra.”
No dia da minha partida da Escócia, Helen me levou ao
ponto do ônibus. Megan entrou no carro com um ar triste. E, ao chegarmos ao
local onde eu pegaria o ônibus até Glasgow, não quis sair do carro. Tentamos
convencê-la várias vezes, mas foi inútil. Ela continua com o olhar fixo em mim.
Foi então que chorei. Helen disse-me que ela sabia que eu estava partindo e
começou a chorar também. Talvez Megan chorasse naquele momento. Os animais sentem
de outro modo, mas sentem. Durante a viagem fiquei com o olhar perdido naquela
paisagem de sonho, pensando quando voltaria à Escócia e o quanto tudo havia
sido bonito. O olhar de Megan entrecortava as ideias.
Partir é sempre difícil. Fiz isso durante toda a minha
vida em minhas andanças pelo mundo. Eu deveria ser perita nesse quesito. Mas,
infelizmente, não sou. Ainda me emociono ao deixar ir ou ter que seguir em
frente. E, a cada dia que passa, vejo que existe uma beleza que perdura naquilo
que se foi. O tempo se ocupa de acabar a obra, nos mostrando aspectos e relevos
de vivências que tivemos. Se essas experiências podem estar contidas num olhar
então tudo fica mais lindo. Estamos partindo desde que aqui chegamos. Vamos nos
renovar em águas cristalinas e sorver de cada experiência o melhor possível. O
sofrimento das partidas não é em vão: significa que houve algo que nos tornou
felizes por um determinado tempo. Ter medo disso nos afugenta da essência da
vida. Os animais nos ensinam exatamente isso: VIVER É BOM DEMAIS!!
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