Pular para o conteúdo principal

O que realmente eu posso mudar?

Depois das manifestações contra o governo no Brasil fiquei refletindo sobre o que realmente posso fazer para mudar. A primeira coisa que me vem em mente é lutar contra a república do medo que se instaura silenciosamente em nossas vidas nos fazendo nos sentir um super herói ao atravessarmos uma rua escura no meio da noite, ou parar para dar informações a alguém. Gestos assim viraram atos de coragem ou de inconsequência Não nascemos para viver assim. Uma pessoa que tente entrar em minha casa no meio da noite pode ser um ladrão sim mas pode ser alguém que precisa de ajuda, que não esteja encontrando a chave e pede socorro. O medo se instaura de tal maneira em nós que o gesto de defesa desencadeia uma reação instintiva e agimos por impulso sem pensar. Outro dia, alguém matou o próprio parente desse modo por confundi-lo com um ladrão. Outra pessoa foi assaltada e ficou sem o carro numa via expressa e morreu confundida por uma pessoal do mal. Estamos reagindo. Tudo bem, não vamos nos arriscar mas é interessante ver o isso vai causar em nós. Precisamos
refletir em conjunto. Pensar o agir. 
A outra coisa é evitar a famosa frase que tantas vezes eu já disse: "Fulano foi assaltado mas graças a Deus o ladrão levou somente os objetos e o deixou vivo." É claro que a vida vale mais do que os objetos. Mas não podemos começar a acreditar que todos os ladrões podem roubar desde que não tire a vida de ninguém. Roubar não é um ato lícito. Será que estamos nos acostumando com a violência e de tanto medo e preocupação em reagir estamos embotando o pensamento com um raciocínio que tira o foco do problema de fundo?
Caro leitor, não tenho as respostas! Sou uma pessoa que gosta de perguntas. As perguntas movem os escritores. E as perguntas que me fiz são as seguintes: Vale a pena eu fazer passeata e pagar oitenta reais por um ovo de Páscoa? O que posso fazer para mudar as coisas? Será que um pequeno gesto no nosso cotidiano realmente não conseguiria estimular uma reflexão sobre outros caminhos. Sonho um Brasil sem violência. A literatura é um berço que abriga os sonhos. Vamos buscar uma resposta. Talvez não seja uma só e nem sirva para sempre mas nos faz sair da couraça do medo e sentir o poder que temos enquanto pessoas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A diferença entre esperança e esperançar segundo Paulo Freire

Bom dia com Mario Sergio Cortella e Paulo Freire: “Como insistia o inesquecível Paulo Freire, não se pode confundir esperança do verbo esperançar com esperança do verbo esperar. Aliás, uma das coisas mais perniciosas que temos nesse momento é o apodrecimento da esperança; em várias situações as pessoas acham que não tem mais jeito, que não tem alternativa, que a vida é assim mesmo… Violência? O que posso fazer? Espero que termine… Desemprego? O que posso fazer? Espero que resolvam… Fome? O que posso fazer? Espero que impeçam… Corrupção? O que posso fazer? Espero que liquidem… Isso não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo. E, se há algo que Paulo Freire fez o tempo todo, foi incendiar a nossa urgência de esperanças

Van Zona Sul - a experiência de afeto e solução de um grupo de amigos

(Foto de Luiz da Costa Gonçalves Junior) Nas grandes cidades do Brasil, infelizmente, o deslocamento das pessoas constitui um problema. Os engarrafamentos são constantes afetando a qualidade de vida. Quem usa os meios públicos enfrenta a carência de um sistema que não consegue ser eficaz nem eficiente. O número de carros aumenta e as estradas não crescem na mesma velocidade dos carros. Para enfrentar essa questão alguns colegas de trabalho resolveram dar uma solução que consegue melhorar a qualidade de vida e contribui para diminuir a emissão de gases poluentes. Assim é a famosa “ van zona s ul”, como é chamada por eles. Esses amigos alugam uma van com motorista para fazer o transporte diário de ida e volta do trabalho. Esses heróis conseguem desafiar o trajeto zona sul do Rio de Janeiro até a Barra da Tijuca. A organização é primordial. O grupo é dividido entre fixos e avulsos. O pagamento é feito mensalmente e uma planilha é enviada para todos os membros com o comprova...

Marcos Caruso e Nivea Oliveira

Hoje a aula foi com ele. Caruso nos falou sobre o respeito que devemos ter enquanto profissionais. A arte exige de nós uma disciplina e constância. Uma ponte para a arte, para o ofício de criação.  Bom final de semana leitor!