Sentir-se perdido é uma das sensações mais comuns para muitas pessoas enquanto outras simplesmente vão adiante sem pensar muito sobre o próprio agir. Cada um de nós encontra uma maneira de se sentir forte e conduzir o próprio barco. A viagem sem destino figurativa é menos interessante do que viajar sem destino pelo mundo, desejando se perder para se reencontrar.
Quando eu trabalhava como guia de turismo internacional eu costumava dizer aos meus passageiros que eles estavam começando aquela viagem comigo mas com uma condição: deixar para trás o melhor lugar do mundo, a nossa casa, o nosso lar, com as nossas certezas, os nossos cantinhos favoritos, a nossa cama, o nosso travesseiro especial, enfim... viajar é ir em buscar do desconhecido. Mas tudo é passageiro. É um ensaio para uma possível mudança. Portanto, se o hotel for pequeno ou grande demais, ele será o nosso ambiente durante um período limitado. Quem procura certezas será um viajante infeliz porque nem tudo numa viagem é do jeito que a gente gostaria que fosse. Em alguns dias a chuva vai molhar o nosso calçado, a neve desaponta, a boto rosa decide ir embora, a nebulosidade da Torre Eiffel fica comprometida, o Papa se resfria e a audiência Papal não é aquela de sempre, dentre tantas outras situações. Mas isso é que deveria nos ajudar a nos conhecermos melhor diante das dificuldades. Com isso não quero dizer que tenhamos que aceitar tudo e não exigir conforto mas usar o bom senso. Se você entrar na viagem você não se sentirá perdido, se sentirá fortalecido por uma experiência que tirou você da sua zona de conforto mas te devolveu ao lar, diferente, esclarecido, extasiado, feliz. Viaje sempre, mesmo que seja viagens astrais, saia da zona do sofá de vez em quando. Permita-se perder-se pelas ruas nas cidades anônimas e descobrir o comum das diferenças. Viaje no outro, escutando as suas estórias e vendo que a natureza nos fez diferente para abençoar nossos encontros e termos vontade de conhecer o outro. Viaje sem destino mas planeje os seus dias. Descontruir a própria certeza diante da vida e do mundo é um exercício maravilhoso. E você? Qual foi a viagem que você fez que, embora não tenha sido perfeita, te fez feliz? Eu gosto de contar estórias mas amo ouvi-las. Bom domingo!
Nivea Oliveira
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